Politicamente falando, hoje vivemos uma época bem mais tolerante. Quem conhece a história do nosso país, ou quem tem mais de 35 anos de idade, deve recordar da ditadura militar, do calar a voz na força, da censura e etc. Se você não viveu aquele tempo, vários dos principais políticos não nos deixam esquecer: quase todos foram perseguidos, violentados, exilados de nosso país por causa de suas idéias políticas. Um exemplo desse políticos é o atual Ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc. Ele viveu a época da ditadura militar, o auge dos movimentos estudantis no brasil, e hoje é um renomado político. Ao ser indagado sobre o excesso de corrupção existente hoje em Brasília, das falcatruas e golpes, ele respondeu: “Existem realmente corruptos, pessoas que legislam para o bem próprio, que desviam verbas e muitos outros golpes, mas nada é pior do que a época de repressão política, onde você ia ao teatro e não podia ver a peça foi censurada…”. Hoje temos eleições a cada dois anos. Vivemos uma democracia “livre”, onde você pode ter a sua opinião, o seu direcionamento, a sua voz, sem ser recriminado por isto. Estamos em uma situação totalmente tolerante, de total comunicação entre as partes.
Totalmente tolerante? Comunicação? Não é isto que percebe o professor de antropologia Luiz Antônio da Silva, docente dos cursos de Comunicação, Dierito e Arquitetura do Unileste-MG. Em uma conversa com OTerceiroTurno, o professor disse que a tolerância que vemos hoje em dia tem um problema: “A tolerância política que vivemos hoje foi conquistada coma luta de muitos em tempos passados, mas o que acontece é que, hoje em dia, a comunicação foi prejudicada. A tolerância existe quando há uma comunicação e uma aceitação. Hoje na política não existe mais tanta comunicação, o que gera uma tolerância doente”, explica o professor.
Ele exemplifica usando ideias quase que diametralmente opostas, entre um político do PSTU e um do PSDB. “Acaba que um nem tenta ouvir as ideias do outro, pois não tem tolerância para nada diferente do que a linha que eles seguem”. O que o professor tenta nos explicar é o seguinte: o tempo passou, muitas ideias mudaram, a política e a sociedade progrediram, mas a falta de tolerância ainda existe. Ser intolerante é um aspecto anacrônico, não importa o contexto ou a época em que se vive, tolerância é algo pessoal, sempre vai existir em nossa sociedade.